quinta-feira, 9 de junho de 2011

O PERIGO DA ORGANIZAÇÃO

No Novo Testamento, quase nada na igreja era organizado. Ali temos pouquíssimos exemplos de "planejamento". De fato, é impressionante como eles tinham pouca organização. Todavia, este autor não está insistindo que é antibíblico organizar alguma coisa.
Verdadeiramente, é impossível viver sem qualquer forma de planejamento. Por exemplo, se telefono para um amigo e o convido para jantar, organizei algo antes. Se concordo em me encontrar com alguém em um tempo e um lugar determinado, nosso encontro foi organizado anteriormente, de alguma forma.
À medida que vivemos, sempre necessitaremos ter alguma forma de organização.

O perigo da organização é este: uma vez que é colocada em movimento, pode facilmente permanecer em movimento. Pode adquirir uma vida própria. Uma vez que os elementos essenci­ais de qualquer obra ou esforço são estabelecidos, torna-se fácil as coisas seguirem em frente desta forma. A Companhia FORD é um bom exemplo disto. Henry Ford está morto. Ele morreu há bastante tempo. Entretanto, a companhia que ele organizou, continua existindo até hoje.

Muitas obras para o Senhor também estão nesta categoria. Podemos admitir, como argumento, que uma ou outra obra foi iniciada por Jesus. Talvez Ele tenha levado algum filho Seu a tra­balhar para Ele, de algum modo específico. Mas, e hoje? Esta ainda é a Sua vontade? Ele ainda está no comando de tudo? Ou será que o Espírito Santo Se mudou e alguém ainda está tentan­do fazer funcionar o que agora é realmente uma forma vazia?

Parte do perigo é que as pessoas tendem a gostar de coisas bem organizadas. Querem coisas previsíveis. Sentem-se con­fortáveis com algo bem estruturado e bem dirigido. Elas têm pouca necessidade de buscar o Senhor sozinhas. Sua carne pode relaxar e acreditar que tudo está sendo cuidado. Coisas fami­liares fazem pessoas sentirem-se bem e seguras, e muitas real­mente gostam desse sentimento.

Quando as coisas são organizadas, os crentes não têm que estar em um constante e vivo contato com Jesus. Não precisam: se exercitar para procurá-Lo a cada momento; estar prontos para obedecer; ministrar ou fazer algo para Ele. Com uma organiza­ção, não necessitam estar preparados para mudar suas ativi­dades, seus empregos ou mesmo o lugar onde vivem. Podem simplesmente se sentar e deixar a organização dirigir seus encontros e suas vidas.

Mas, nossa vida com o Senhor é nova a cada manhã (Rm 6:4). Enquanto Ele estava na Terra, estava constantemente fazen­do algo diferente. Sua vida estava bem distante da rotina. A cada dia, os discípulos eram surpreendidos pelo que Ele fazia, pelos lugares onde Ele ia e pelo que Ele dizia. Portanto, podemos estar certos de que a Sua liderança na Igreja e em nossas vidas indi­vidualmente será desse jeito também. Precisamos ter a flexibili­dade para nos mover e mudar o rumo com Ele a qualquer momento.

A experiência dos filhos de Israel no deserto é um excelente exemplo disso. Eles seguiam o Deus vivo que Se manifestava na coluna de fogo e na nuvem. Quando Ele Se movia, eles tinham que estar prontos para se moverem também. A nuvem ou a co­luna de fogo podia se mover a qualquer momento do dia ou da noite. Eles tinham que estar sempre prontos (Êx 13:21,22 e Êx 40:36,37).

Talvez eles ficassem num lugar por uma hora, uma semana, meses ou mesmo um ano. Mas, a qualquer momento, Deus podia Se mover e eles tinham que estar prontos para embrulhar tudo em um instante e partir.

Até mesmo o Tabernáculo, que Deus instruiu Moisés a cons­truir, foi feito com essa intenção. Ele era portátil. Era facilmente desmontável e pronto para se mover. A prontidão para aban­donar nossas práticas e comportamentos estabelecidos, horários e lugares de encontros e todos os hábitos religiosos arraigados deve também ser a nossa atitude.

Desta forma, a chave para qualquer organização, de qual­quer encontro, ministério ou obra para Deus, é sermos conduzi­dos pelo Espírito Santo. É a Sua direção que precisa iniciar qual­quer coisa. É Ele quem precisa estar nos liderando em tudo o que fazemos. Além disso, precisamos ser intensamente sensíveis a Ele para desmantelar qualquer coisa organizada previamente sem a Sua direção. Precisamos estar constantemente sintoniza­dos com Ele para frear tudo que foi colocado em movimento sem a Sua liderança.

É essencial que preservemos Sua soberania sobre todas as coisas, especialmente sobre algo que tenha a tendência a se tornar organizado e, portanto, rotineiro e previsível. De outro modo, logo seremos deixados com uma forma vazia. Teremos apenas algo que Deus usou e abençoou em algum momento no passado, mas hoje é um simples modelo ou fórmula sem o con­teúdo divino.

Um dos poucos exemplos do Novo Testamento de algo sendo organizado foi a escolha dos diáconos em Jerusalém (At 6:1-7). Ali surgiu um problema. Algumas viúvas estavam sendo negligenciadas quando a comida era distribuída. Evidente­mente, isso era feito de uma maneira esporádica e acidental, e algumas viúvas "helenistas" não estavam sendo atendidas. Então, elegeram-se alguns homens para tomar conta desse tra­balho.

Mas, por favor, preste atenção ao tipo de homem que eles escolheram. Qualquer um pode distribuir comida. Até mesmo um ímpio poderia tomar conta de um trabalho assim e tudo cor­rer muito bem. Entretanto, eles foram cuidadosos em selecionar homens com uma certa virtude: eram especialmente "cheios do Espírito Santo" (vs. 3). Os apóstolos e os outros estavam preocu­pados com que este trabalho fosse algo dirigido por Deus. Não era suficiente simplesmente suprir necessidades. Eles queriam estar certos de que o que estava sendo feito era iniciado, con­duzido e, se necessário, terminado pelo Senhor. Então, sele­cionaram homens que sabiam como segui-Lo.

Livro: Deixe o Meu Povo Ir
Autor: David W.  Dyer
Ministério Grão de Trigo: http://www.graodetrico.com/

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